Vulcão Lanin – Uma aventura transformadora
Símbolos de uma conquista
UMA EXPERIÊNCIA EXISTENCIAL
Para conquistar nossos sonhos, temos de lidar com medos e desafios. Nossas maiores realizações estão conectadas aos nossos maiores desejos e também aos nossos maiores temores. O desconforto e o frio na barriga apenas servem de alerta e, transpor tudo isso, avançar, vencer todos medos, te transforma e eleva. Estamos prontos para seguir em frente.
O primeiro dia nos apresenta uma caminhada de 4 horas em moraina vulcânica rumo ao Refúgio, localizado a 2300m de altitude sob sol forte e um céu aberto. Durante esse percurso a mochila bem pesada é acomodada e presa ao quadril para garantir maior equilíbrio e menor sofrimento dos ombros. Um par de bastões auxilia o empuxo da subida, tentando amenizar a sobrecarga nas pernas. Em fila, seguimos pé por pé, pela Espina de Pescadoe , em seguida, serpenteamos o Camino de mulas. As paradas são importantes para hidratar, energizar e admirar as vistas que a altura privilegiada já nos antecipa.
- Uma selfie, a caminho da Base do Vulcão
- Passamos pela única e breve área boscosa da expediçã
- O guia Gallego, Agostina e Darlan passando pela Base do Vulcão Lanin
- Início da Espina de Pescado
- Na metade da Espina, a mochila já não se apresenta mais como um obstáculo.
- Entrada do Camino de Mulas
Seguimos nosso trajeto e 4 horas depois, chegamos ao refúgio. Fizemos uma refeição, exploramos o entorno próximo e descansamos. Peguei minha câmera e dei uma volta entre morainas de todos os tamanhos e sedimentos vulcânicos. A paisagem e a sensação de estar vivendo tudo aquilo era incrivelmente estimulante e pacificadora. Olhando para cima, estava lá o nosso próximo desafio, La cumbre.

O serpentear do desvio de mula atenua um pouco o desnível
- Meu amor, companheiro de vida e jornada ao cume, Darlan Veit.
- Primeiro descanso para As pernas. Se ambientando na barraca, admirando e agradecendo a presença do divino.

Vista do Refúgio (2315m). Lago Tromen, o escorial de lava com um rio que se forma do derretimento do Glaciar junto ao Cume do vulcão.
Ao final do dia, tivemos uma breve reunião sobre como seria a segunda parte da expedição. O guia nos explicou e alertou sobre os desafios. Seria uma caminhada intensa e que não poderíamos fazer muitas paradas. E que cada parada teria a sua importância junto à subida. Além disso, pensar no cume tiraria o foco do próximo passo.
- Vivendo
- Agradecendo

A sombra do nosso desafio
Fomos descansar às 20h, nossa saída estava marcada para às 3h. Às 2 horas da madrugada, nosso guia nos acordou. Tínhamos 1 hora para tomar café, arrumar as coisas e seguir nossa aventura.
- Nosso Guia Gallego preparando nosso jantar junto de Agostina nossa nova amiga de La Plata
- Agustina
Às 3:00h começou a peregrinação ao cume. Estava uns 12 graus Celsius e uma linda lua crescente nos iluminava além das lanternas presas aos capacetes. A montanha de pedras e neve repousava sob nossos pés, acompanhando silenciosa o nosso serpentear ascendente. Confesso… foi muito mais duro que eu imaginava. A cada mudança de terreno, o desafio se mostrava mais intenso enquanto o oxigênio diminuía. Subimos pé por pé ao ritmo de uma respiração. O cansaço, a sonolência e um enjoo quase me fizeram desistir. Faltava muito pouco, mas parecia que levaria uma eternidade.
- Com auxílio de crampons presos sobre as botas, vencemos o trecho com gelo ainda de madrugada.
- Parada para descanso, hidratar, energizar e retirada dos crampons. Daí em diante a subida se tornava cada mais íngreme e instável. A aderência é prejudicada pelo solo seco e solto das morainas.
- 3500 de altitude
- Começo da Canaleta de La Cumbre Inclinação 45 graus
Após vencermos uma grande parte da canaleta, paramos em uma área menos insegura. Eu estava muito cansada e vários gatilhos de memórias disparavam em minha mente nessa última parte. Meu psicológico em prova a todo momento. Estava sonolenta, cansada, com medo e lembrando dos meus pais já falecidos. Vários sentimentos me consumiam, e assim como um vulcão, lágrimas erupcionaram do meu ser. Meu inconsciente se libertando e limpando sentimentos de luto. Aquela hora foi bem decisiva pois precisava transformar minha energia negativa para vencer a última parte da subida.
Após comermos um chocolate e nos hidratarmos, o guia – que durante toda a subida sempre nos consultava sobre como estávamos – decidiu me prender a ele com uma corda laranja para ficar mais segura em caso de apagar de sono (pela falta de oxigenação).
- Descansando e conversando comigo mesma. Precisava ressignificar todos sentimentos e transformá-los em força para seguir em frente. Foi a parte mais dura da subida.
- Eu sendo presa ao guia Gallego por uma corda e recebendo todo apoio do meu amado Darlan.
Sabe efeito placebo? Foi assim que a corda funcionou porque, de fato, em nenhum momento ela tencionou. Recuperei a gana que havia perdido na Canaletade la Cumbre (parte mais desafiadora da subida – 45 graus de inclinação) onde a ajuda das duas mãos são necessárias além de muito equilíbrio devido a esta inclinação.
Chegamos!!! Uma emoção que não coube no peito e minhas lágrimas então não eram mais de medo ou tristeza e, sim, de pura alegria e emoção. Foi lindo! Faria tudo de novo!!! E vou fazer!!
- Conseguimos! Eu e meu parceiro, amor de vida e aventura Darlan.
- Festa no Cume! Fomos o segundo grupo a chegar nesse dia. 7 horas após a saída do Refúgio.

Cume do Vulcão Lanin 4780m de altitude. À direita ao fundo com neve o Vulcão Quetrupillán e à esquerda, mais ao fundo, o Vulcão Villarrica, ambos no Chile.

Vista Sul do Vulcão Lanin e Lago Paimún.
Achei incrível! Amei!
Realmente impressionante!!! Espetacular!!!
Demais a experiência! com certeza ei de voltar a subi-lo!