Vulcão Lanin – Uma aventura transformadora

Símbolos de uma conquista

UMA EXPERIÊNCIA EXISTENCIAL

Para conquistar nossos sonhos, temos de lidar com medos e desafios. Nossas maiores realizações estão conectadas aos nossos maiores desejos e também aos nossos maiores temores. O desconforto e o frio na barriga apenas servem de alerta e, transpor tudo isso, avançar, vencer todos medos, te transforma e eleva. Estamos prontos para seguir em frente.

O primeiro dia nos apresenta uma caminhada de 4 horas em moraina vulcânica rumo ao Refúgio, localizado a 2300m de altitude sob sol forte e um céu aberto. Durante esse percurso a mochila bem pesada é acomodada e presa ao quadril para garantir maior equilíbrio e menor sofrimento dos ombros. Um par de bastões auxilia o empuxo da subida, tentando amenizar a sobrecarga nas pernas. Em fila, seguimos pé por pé, pela Espina de Pescadoe , em seguida, serpenteamos o Camino de mulas. As paradas são importantes para hidratar, energizar e admirar as vistas que a altura privilegiada já nos antecipa.

Seguimos nosso trajeto e 4 horas depois, chegamos ao refúgio. Fizemos uma refeição, exploramos o entorno próximo e descansamos. Peguei minha câmera e dei uma volta entre morainas de todos os tamanhos e sedimentos vulcânicos. A paisagem e a sensação de estar vivendo tudo aquilo era incrivelmente estimulante e pacificadora. Olhando para cima, estava lá o nosso próximo desafio, La cumbre.

O serpentear do desvio de mula atenua um pouco o desnível

Vista do Refúgio (2315m). Lago Tromen, o escorial de lava com um rio que se forma do derretimento do Glaciar junto ao Cume do vulcão.

Ao final do dia, tivemos uma breve reunião sobre como seria a segunda parte da expedição. O guia nos explicou e alertou sobre os desafios. Seria uma caminhada intensa e que não poderíamos fazer muitas paradas. E que cada parada teria a sua importância junto à subida. Além disso, pensar no cume tiraria o foco do próximo passo.

A sombra do nosso desafio

Fomos descansar às 20h, nossa saída estava marcada para às 3h. Às 2 horas da madrugada, nosso guia nos acordou. Tínhamos 1 hora para tomar café, arrumar as coisas e seguir nossa aventura.

Às 3:00h começou a peregrinação ao cume. Estava uns 12 graus Celsius e uma linda lua crescente nos iluminava além das lanternas presas aos capacetes. A montanha de pedras e neve repousava sob nossos pés, acompanhando silenciosa o nosso serpentear ascendente. Confesso… foi muito mais duro que eu imaginava. A cada mudança de terreno, o desafio se mostrava mais intenso enquanto o oxigênio diminuía. Subimos pé por pé ao ritmo de uma respiração. O cansaço, a sonolência e um enjoo quase me fizeram desistir. Faltava muito pouco, mas parecia que levaria uma eternidade.

Após vencermos uma grande parte da canaleta, paramos em uma área menos insegura. Eu estava muito cansada e vários gatilhos de memórias disparavam em minha mente nessa última parte. Meu psicológico em prova a todo momento. Estava sonolenta, cansada, com medo e lembrando dos meus pais já falecidos. Vários sentimentos me consumiam, e assim como um vulcão, lágrimas erupcionaram do meu ser. Meu inconsciente se libertando e limpando sentimentos de luto. Aquela hora foi bem decisiva pois precisava transformar minha energia negativa para vencer a última parte da subida.

Após comermos um chocolate e nos hidratarmos, o guia – que durante toda a subida sempre nos consultava sobre como estávamos – decidiu me prender a ele com uma corda laranja para ficar mais segura em caso de apagar de sono (pela falta de oxigenação).

Sabe efeito placebo? Foi assim que a corda funcionou porque, de fato, em nenhum momento ela tencionou. Recuperei a gana que havia perdido na Canaletade la Cumbre (parte mais desafiadora da subida – 45 graus de inclinação) onde a ajuda das duas mãos são necessárias além de muito equilíbrio devido a esta inclinação.

Chegamos!!! Uma emoção que não coube no peito e minhas lágrimas então não eram mais de medo ou tristeza e, sim, de pura alegria e emoção. Foi lindo! Faria tudo de novo!!! E vou fazer!!

Cume do Vulcão Lanin 4780m de altitude. À direita ao fundo com neve o Vulcão Quetrupillán e à esquerda, mais ao fundo, o Vulcão Villarrica, ambos no Chile.

Vista Sul do Vulcão Lanin e Lago Paimún.


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